Atendi na clínica de psicologia um jovem de aproximadamente 20 anos com problemas de inibição. Vinha tendo crises de pânico. Notei que era um rapaz muito inteligente, tímido e inseguro. Tinha desejos sexuais, mas não conseguia levar isto adiante. Ainda virgem, sequer tentava manter relações com uma mulher: tinha medo de tomar a iniciativa e ser rejeitado.
Segui uma linha bem eclética, deixava a conversa rolar nas entrevistas; ele expunha suas fantasias sexuais. Deixava claro a ele que era necessário que começasse a tomar iniciativas, mas depois de tanto tempo com medo, ele tinha criado defesas muito intransigentes para não agir na “ofensiva”.
A vida do rapaz ia passando, ele perdendo oportunidades de estudo e trabalho, vivendo à custa do pai porque era incapaz de lutar. O pai pagava o tratamento e acabou por me procurar: não via resultados nas nossas entrevistas. Pensava em parar de pagar o tratamento. Era preciso que eu agisse rapidamente, porém ele insistia em inventar desculpas para não avançar com as mulheres, por maiores que fossem seus desejos.
Um dia uma amiga me convidou para tomar sol num clube da cidade. Tomávamos sol à beira da piscina. O clube estava vazio, só nós duas. Bom, nem preciso falar: meu paciente chegou lá, para se exercitar na piscina.
Quando me viu, aproximou-se de nós e tentou começar uma conversa, mas notei que ele estava muito inibido. Notei também que minha amiga deu uma boa encarada nele e só então vi este rapaz como um homem: ele era muito bonito, jovem, bronzeado, em plena forma física. Mas era muito novo, e, além disto, um paciente.
Conversava com ele quando ele me convidou a nadar um pouco. Eu nado mal e a piscina que ele queria me levar era muito funda para meu gosto. Expliquei isto a ele e percebi que seus olhos se entristeceram. Pensei: “Eu sou uma boba! Embora não seja de natureza sexual, ele está tomando uma iniciativa”. Eu não estava ali a trabalho, mas aparecia uma chance de, com um pequeno gesto, dar uma grande avanço ao tratamento e, sobretudo não perder um caso.
Assim, sob os olhares maliciosos de minha amiga, entrei na piscina com o rapaz. Mergulhamos e ele nadava vigorosamente a meu lado, que mal nadava. Cansei-me e parei, mas ao tentar por os pés no chão da piscina, cadê o chão? Pois é, era muito fundo para mim. Assustada, pedi ajuda ao meu amiguinho. Ele nadou até mim, sorriu e me segurou com a cabeça para fora da água, me abraçando pela cintura. Falou para que eu relaxasse que não afundaria, mas eu era uma pedra na água. Novamente ele me segurou, e pouco a pouco foi me levando pela piscina, pedindo que eu soltasse o corpo, até que fiquei na horizontal sobre os braços dele.
A brincadeira estava gostosa. Ele levou-me pela piscina toda, sempre me abraçando, e eu com os braços ao redor do pescoço dele. Lógico que senti que “rolava um clima”. Numa das nossas manobras aquáticas, ele encostou seu membro em meu quadril por trás e senti que ele estava excitado. Eu também, mas mantínhamos silêncio. As manobras ficaram mais audaciosas. Eu estava excitada demais e não resisti: sob a água, apertei seu membro. Fiz e no mesmo instante me assustei com o que fazia: disse a ele que queria sair da água.
Saí da piscina. Eu estava extremamente excitada, trêmula. Meu amiguinho ficou dentro da água. Aproximei-me de minha amiga e ela me olhava com toda a malícia do universo. Sorrindo, disse: “Francamente, doutora!!!” E gargalhou. Séria, olhei em volta para saber se alguém tinha visto algo. Apenas uma pessoa além de eu, minha amiga e meu paciente: o pai dele, no barzinho ao lado da piscina! “Francamente, doutora!!!”, pensei envergonhada ao ver que o paizão me olhava sorrindo.
Nos dias seguintes, meu paciente me enviou flores, livros de poesia, cds, vários presentinhos tocantes. Ele estava me conquistando e eu andei sonhando com ele, daqueles sonhos que deixam a gente molhada de suor.
Nas próximas sessões, meu paciente se declarou apaixonado por mim. Eu agi de forma técnica e fria, embora simpática. Falava a ele sobre o porquê da paixão, analisava seus sentimentos, mas não falava dos meus: eu também estava apaixonada por ele.
Não era possível continuar. Numa sessão, expliquei a ele a impossibilidade de eu continuar sendo terapeuta dele, acrescentei a grande evolução dele, enfim, deixei claro que ele estava pronto para sair dali e entrar num romance de verdade com uma jovem da idade dele e solteira.
Ele ficou surpreso, resistiu, mas entendeu. Era a realidade e pronto. Ele disse que ia embora e se levantou. Aproximei-me para despedir dele, abracei-o e disse para que ele fosse feliz, quando senti seu membro excitado. Outra vez não! Eu não resistiria. Olhei nos olhos dele e disse: “Me dá licença?” Abaixei-me diante dele, abri o zíper do seu jeans, abaixei a cueca e coloquei seu membro para fora. Abaixada, olhei para ele, que estava com os olhos arregalados, e disse: “Sei que não é certo...” e coloquei seu pênis em minha boca. Tirei um pouco e disse: “sei que isto não é ético...” e, de novo, coloquei em minha boca. Tirei outra vez e disse: “mas tem coisas que a gente precisa fazer...” e coloquei seu pênis em minha boca novamente. Tirei de novo e disse: “tem certos prazeres que a gente não pode se negar...” Então ele pegou minha cabeça e disse para que eu parasse de falar e continuasse. Mais uma vez, tirei seu pênis de minha boca e disse: “mas é que preciso me explicar!” E ele de novo pegou minha cabeça e disse para que eu ficasse quieta e continuasse. Assim fiz. Não tivemos uma relação completa, mas foi bom.
Terminado o tratamento: o rapaz era outro, um jovem seguro, decidido, ousado. Eu fiquei meio de fossa uns dias, mas passou, como toda fossa passa.
Constrangedor foi a ida do pai dele ao consultório para me pagar: fez questão de me ver, de agradecer o progresso do filho. Cínico. Ele tinha visto as cenas da piscina. Olhava-me com insinuações. Despediu-se de mim me encarando e dizendo que pretendia fazer umas sessões de psicoterapia também. Francamente, doutora!