Era um casal muito desparelho. Não apenas porque ele era gostosão e ela sem graça. Ele era legal e divertido e ela tinha a cara de quem comeu merda. Difícil entender como uma mulher pobre de um bairro pobre que nunca fez nada de útil na vida pudesse ser assim convencida, mas ela era. Bem, eu também não tinha dinheiro e morava no mesmo bairro, mas sou formada em letras e fazia pós graduação na faculdade que há naquele bairro e, principalmente, nunca esnobei nenhum vizinho por isso. Talvez algém me achasse orgulhosa porque eu não me envolvia nas fofocas das mulheres infelizes e desocupadas de lá, mas sempre cumprimentei a todos e nunca desfiz de ninguém por ser simples. Apesar de ela ter feito um curso técnico nunca tivera um emprego fixo na vida, apenas empregos temporários como doméstica, e parece que toda a sua empáfia provinha de ter um marido sargento.
Nos aproximamos pela primeira vez porque ele tinha trabalhado na polícia ambiental e eu queria material para usar num trabalho da pós. Conversamos durante mais de uma hora na cozinha de sua casa e o achei cada vez mais gostoso, mas fui séria e ele também.
Só que daquele dia em diante ele ficou mais solto comigo, fazia bricadeiras quando cruzávamos na rua. Ele era policial militar e patrulhava o bairro onde se localizava a escola onde eu lecionava, por isso nos víamos com alguma freqüência e várias vezes ele me procurou para tirar dúvidas do portugês.
O tempo e suas brincadeiras me deixavam mais à vontade, e ele foi ficando cada vez mais solto também. Contou-me que casou quando a mulher perdeu os pais e que o menino mais velho não era seu filho, mas seu cunhado, que era bebê quando os pais morreram.
Eu não pegava carona com ele porque sabia que a mulher era ciumenta, mas num dia de terrível temporal acabei pedindo o favor e ficamos ilhados em uma rua alagada da Zona Sul. A conversa chegou ao gênero das palavras e ele perguntou se o correto era "o tesão" ou "a tesão". Fiquei embaraçada, ele disse que o tesão que eu tinha por ele era visível e daí acabou saindo nosso primeiro beijo. Mas que beijo, que fogo! Ele pulou para cima de mim e acho que só não transamos ali mesmo porque estávamos na rua, em meio a outros carros. Com a maior cara de pau deste mundo ele ligou para casa, avisou que iria demorar por causa da chuva e levou-me a um motel.
Fizera diversas fantasias, mas não imaginava que aquilo pudesse de fato acontecer. Primeiro porque sou quase dez anos mais velha que a outra (e também que ele), embora muito bem conservada, uma mulher na casa dos trinta não tem o frescor de uma na casa dos vinte. Além disso sou de um tipo físico diferente da mulher dele, que é mulata, enquanto eu sou descendente de alemães.
Estávamos doidos de tesão,"a" ou "o", não fazia diferença. Tiramos a roupa um do outro, caímos na cama e transamos loucamente. Fiquei espantada com o espanto dele quando eu fazia coisas banais, como por-lhe a camisinha "em túnel" ou chupar-lhe o pau sem que ele precisasse pedir, ou ainda uma posição mais ousada, pois homens casados há anos em geral são experientes. O ápice de seu êxtase foi quando eu virei de costas de boa vontade e deixei-o com prazer penetrar meu cuzinho. Gozamos diversas vezes e ficamos exaustos, e acabamos dormindo no motel. Ficaria horrível se nos vissem chegando juntos e, assim, no dia seguinte fui diretamente para a escola e ele para o quartel.
Nos encontramos ainda diversas vezes, e todas foram ótimas. Ele era sempre carinhoso e muito atrevido. Via-se que ficava maravilhado com qualquer brincadeira que eu inventasse e isso era muito excitante para mim. A cada vez dizíamos que seria a última, mas sempre acontecia de novo. Era muito prazeroso estarmos juntos. Nos intervalos entre nossos encontros ele mandava mensagens e presentes como um namorado. Sabia que poucas dezenas de reais que ele gastava comigo tinham um significado muito grande em seu orçamento. Só que eu sabia também que ele jamais tomaria a iniciativa de separar-se, porque carregava culpas horríveis em relação à esposa. Contou-me que a traiu pelo menos nove vezes desde que casaram, contando apenas os casos duradouros como o nosso, que a achava uma santa pois ela fazia de tudo por ele e que ela e as crianças não teriam como viver se ele não os sustentasse. Por fim dizia que gostava dela, e acho que ele acreditava mesmo nisso. Eu acho é que ela o manipulava se fazendo de coitada para não ter que trabalhar e correr nehum risco pondo à prova se era mesmo tão boa como gostava de se fazer. Mas isto não era problema meu. Enquanto estivemos juntos ele teve com quem conversar sobre sua vida e suas idéias, e teve orgasmos deliciosos também. No que me diz respeito, não tive do que me queixar. Sempre que o chamei ele veio correndo, dava em casa as desculpas mais disparatadas. com o tempo percebi que ela sabia muito bem que carregava dúzias de guampas e a arrogância era puro mecanismo de defesa. Cheguei a ficar com pena dela.
E um dia fui transferida para Ijuí, onde as escolas públicas são mais seguras, o custo de vida é mais baixo e vivo feliz. Não tenho mais nada o que fazer em POrto Alegre. Mas um dia ainda volto para ver meu loiro gostosão.